O marido levou-me a uma consulta. Combinámos um ponto de encontro a uma determinada hora, e eu segui o meu caminho para o consultório a pé e ele avançou rumo a casa após o semáforo mudar de cor. Foi mesmo antes de entrar no prédio que percebi que me tinha esquecido do telemóvel no carro. Pânico! Devo confessar que nem me recordo a última vez que isto me tinha acontecido... Respirei fundo e tentei manter-me calma.
Assim que saí da minha consulta, caminhei até à paragem de autocarro, onde nos íamos encontrar. Sentei-me e comecei a pensar muito no meu marido, como se de alguma forma lhe conseguisse transmitir apenas através do pensamento que já estava despachada e não tinha o telemóvel comigo para o avisar!!! Acreditem, tudo vale quando temos a nosso lado uma pessoa "distraída"... :) Até que uma senhora, já de alguma idade, sentou-se ao meu lado e começou, claramente, a meter conversa comigo. De início não fui muito faladora, mas depois comecei a pensar: "Epá, não sei quanto tempo vou estar aqui, vou mas é aproveitar esta companhia que Deus me enviou". E assim foi. Conversámos sobre a crise económica, as diferenças entre os tempos de hoje e os de antigamente, poupanças, um bocadinho da vida dela e muito pouco sobre os autocarros que por ali passam!
Estava eu naquela converseta, quando vejo o marido aparecer, de mansinho, ao lado do vidro da paragem, com um ar muito incrédulo, como quem não estava a acreditar que eu estava ali na amena cavaqueira com aquela desconhecida. "A minha boleia chegou", despedi-me da senhora e caminhei para o conforto do meu carro, onde me desmanchei a rir na companhia do marido.
:)
PS - Pelos vistos foi a minha querida amiga Marta quem me salvou de ainda hoje estar plantada na tal paragem de autocarro; É que ainda o marido estava a conduzir quando ela me enviou uma mensagem e o meu telemóvel tocou. Só assim é que o marido percebeu que tinha uma esposa incomunicável e sozinha por esse mundo fora. :)
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